Entenda como conflito entre Venezuela e Guiana pode afetar o Brasil

   Editora de Arte/Metrópoles

O aumento das tensões entre Venezuela e Guiana, na disputa pelo território de Essequibo, pode impactar as relações comerciais e políticas do Brasil com os dois países, além de colocar pressão sobre a população que vive na fronteira, no norte de Roraima.

Os ânimos em torno do conflito se acirraram mais uma vez, nessa quinta-feira (7/12), após os Estados Unidos anunciarem um exercício militar aéreo na Guiana. A medida foi descrita como um “estímulo no entrosamento para melhorar a parceria de segurança” entre os países.

Em resposta, o ministro do Poder Popular para a Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, classificou a operação como uma “infeliz provocação”.

O acirramento do conflito tem preocupado integrantes do governo brasileiro, que não descartam a possibilidade da deflagração de uma guerra, como mostrou a coluna do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.

Nesse contexto, cresce a expectativa sobre o papel do Brasil para mediar a situação, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aliado próximo do ditador Nicolás Maduro.

Durante a reunião com a cúpula do Mercosul, o petista enfatizou a busca pela paz. “Vamos tratar com carinho, porque a coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra, não precisamos de conflito”, afirmou.

Impactos econômicos e sociais
A Venezuela é parceira histórica do Brasil em termos econômicos e políticos. O país vizinho importa produtos brasileiros, como soja, minérios, óleos brutos de petróleo e carnes. Do lado da Guiana, parte das relações comerciais com o Brasil está relacionada à importação de combustíveis minerais, lubrificantes e produtos químicos.

O professor Américo Lyra, do curso de relações internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR), avalia que o principal impacto do conflito não está nessas negociações. O problema vai afetar, acima de tudo, a população que vive na fronteira.

O que ocorre é que o distrito guianês de Lethem, que faz fronteira com o município de Bonfim, em Roraima, emprega muitos brasileiros por meio do chamado “comércio formiga”, prática de comprar produtos em um local, por um preço menor, e revender.

“Uma questão que chama a atenção é a capacidade de a economia guianense conseguir empregar brasileiros, o que revela um fôlego relativamento bom em relação à economia”, avalia Américo.

Lyra destaca que a parcela em disputa representa cerca de 70% do território da Guiana. Portanto, uma possível anexação pela Venezuela praticamente inviabilizaria a subsistência do país em termos econômicos, impactando diretamente os empregos dos brasileiros na região.

Além disso, uma possível invasão por parte da Venezuela aumentaria o fluxo migratório sobre as cidades de Roraima fronteiriças. Como consequência, o estado de Roraima pode sofrer uma forte pressão sobre os serviços públicos, como saúde, segurança e educação.

“A gente já tem um serviço com limitações. Você tem, basicamente, um hospital no estado para atender toda a população e, agora, atenderia a população migrante. Aumentando esse fluxo, a saúde fica comprometida”, alerta o especialista.

“Além disso, tem os serviços de educação, a própria questão da língua. Para incluir, essas pessoas é preciso ter condições de fazer.”

Conselho de Segurança
Após o aumento do tom de Maduro contra a Guiana, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas se reunirá nesta sexta-feira (8/12) para discutir a questão.

No último domingo (3/12), o governo de Maduro promoveu um referendo sobre a anexação da região. A consulta terminou com 96% dos cidadãos favoráveis à incorporação do território.

O ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, por meio de uma carta divulgada pela AFP, pediu ao presidente do conselho que “convoque urgentemente uma reunião” para discutir a crise entre os dois países.

Na última sexta-feira (1º/12), o governo guianês também apelou à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, para mediar a situação. O tribunal chegou a determinar que Nicolás Maduro não tomasse qualquer atitude sobre Essequibo, reconhecendo a ameaça do governo venezuelano.

Com informações do Metrópoles/Diário Atual

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