Resolução do PT despertou a ira dos que ‘fizeram o L’

   Foto: Fátima Meira

Pouco mais de um mês da posse do governo, políticos que “fizeram o L” em apoio à chamada “frente ampla” estão decepcionados com o presidente Lula.

O grupo reagiu a uma resolução do PT publicada na tarde da quinta-feira 16. O documento afirma que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um “golpe”, defende a “não anistia” à oposição, xinga os procuradores da Lava Jato de “quadrilha”, apoia o fim da independência do Banco Central e chama de “falsas” as acusações contra o partido, em virtude do Mensalão e do Petróleo.

“Triste o PT, um partido importante, em um documento da sigla, resolver espalhar fake news”, disse o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira, 17. “Falar em golpe é estultice”, complementou o presidente do Cidadania, Roberto Freire. “Lula não pode fazer dessa resolução do PT uma resolução sua. Ele está governando com o apoio de vários líderes que apoiaram o impeachment de Dilma. O voto nele foi pela democracia, e a democracia não pode viver em permanente fratura.”

Um dos autores do pedido de impeachment de Dilma, o jurista Miguel Reale também subiu o tom com o PT, depois de “fazer o L” no segundo turno. “O PT entrou com mais de 50 pedidos de impeachment contra Fernando Henrique Cardoso”, lembrou. Para ele, o discurso dos petistas é “esquizofrênico e sem pé na realidade”. “Querem reconstruir o passado”, constatou o advogado.

“Lula discursou perante a direção de um partido que ele lidera, que tem sua cultura, seu programa e uma visão própria dos fatos políticos que não coincidem em todos os pontos com os demais componentes da frente que o elegeu e com quem ele pretende governar”, disse o ex-chanceler Aloysio Nunes, que esteve com o petista desde o primeiro turno. “A diversidade pode ser sua força, desde que possamos quanto antes estabelecer um programa comum que balize sua atuação no governo e no Congresso.”

Documento de Lula criticado pela “frente ampla”
O documento acusa os militares e Bolsonaro por provocar “onda de violência, ódio, intolerância e discriminação” na sociedade. Também fala em “seguir na luta pela culpabilização e pela punição de todos os envolvidos”. O texto afirma que “a palavra de ordem ‘sem anistia’ deve ser um imperativo do partido para culpabilizar os responsáveis e exigir que Bolsonaro e seus cúmplices respondam pelos seus crimes”. Ao fim de reuniões do Diretório Nacional, a sigla costuma divulgar resoluções como uma espécie de “guia” para filiados.

Revista Oeste

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