Lula embarca para a China com delegação recorde, segundo Itamaraty

   Crédito: Ricardo Stuckert

Em meio à rivalidade entre Estados Unidos e China, país apoiador do presidente russo Vladimir Putin — que teve a prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, nesta sexta-feira (17/3) —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizará visita de Estado à China, entre 26 a 31 deste mês, com toda a pompa e circunstância e uma delegação recorde. A viagem foi, inclusive, ampliada em dois dias, pois inicialmente ela ocorreria entre 27 e 30 de março.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, por enquanto há 240 empresários brasileiros confirmados e a expectativa de, pelo menos, 20 acordos assinados em várias áreas, como agricultura, educação, cultura, ciência e tecnologia e finanças, mas esses números devem aumentar.

“Temos acordos fechados para a assinatura, mas esse número deverá aumentar ao longo dos próximos dias”, afirmou o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do MRE, em briefing aos jornalistas sobre a viagem presidencial às cidades chinesas Pequim e Xangai. Ele não confirmou, porém, se haverá o anúncio da retomada das importações chinesas de carne bovina, que foram suspensas em fevereiro. A notícia vem sendo bastante aguardada pelos donos de frigoríficos.

A viagem presidencial será a terceira visita de Estado de Lula ao país asiático. As anteriores ocorreram em 2004 e 2009. Será também a primeira viagem internacional do chefe do Executivo brasileiro fora do Hemisfério Ocidental. “Uma visita de Estado é o formato mais prestigioso de um encontro bilateral entre dois países, no mais alto nível da diplomacia”, ressaltou Saboia. Entre os acordos que devem ser assinados na China, ele citou o de construção de um novo satélite China-Brasil Earth Resource Satellite (CBERS-6), “que terá tecnologia que permite monitorar as florestas mesmo com nuvens”.

Ao ser questionado pelo Correio em relação a uma possível saia justa na diplomacia para Lula por conta dos atritos de Estados Unidos e China e a condenação de Putin, o embaixador minimizou o problema e acha que essas viagens são “naturais”. “Acho que não cria uma saia justa para a diplomacia. O presidente Lula visitou os Estados Unidos, está visitando a China e visitará outros países. E, nas próximas semanas, eu ouvi que, nas próximas semanas, talvez o presidente da França, Emmanuel Macron, e outros presidentes visitarão a China. Então, é natural. As pessoas visitam China, visitam Estados Unidos, visitam Brasil, enfim. Visitas e contatos entre líderes ajudam a melhorar as coisas”, afirmou.

Agenda na China
Em uma visita de Estado, o presidente tem encontros com representantes dos Três Poderes. Na China estão previstas reuniões de Lula com o presidente chinês, Xi Jinping, que também assumiu, neste ano, o terceiro mandato. Lula também terá encontros com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.

Nessas reuniões, serão tratados temas da ampla pauta bilateral, incluindo comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática e paz e segurança mundial, segundo o Itamaraty. A visita oficial aos chefes do governo chinês está prevista para ocorrer dia 28 e, no dia seguinte, haverá um seminário com 400 a 500 empresários brasileiros e chineses em Pequim, do qual Lula participará.

Em Xangai, Lula visitará a sede do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, que passará a ser presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A expectativa é de que Dilma, inclusive, viaje com o presidente Lula no avião presidencial e, depois, fique no país asiático comandando o Banco dos Brics.

Ainda de acordo com o embaixador, a relação entre Brasil e China é muito boa e rica e os principais temas que devem ser tratados envolvem desenvolvimento industrial e tecnológico e mudanças climáticas. Na avaliação do diplomata, o momento atual é “muito bom” para a conversa entre Lula e o presidente chinês Xi Jinping. Ele reconheceu que devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, os dois líderes podem dar um recado sobre seus respectivos posicionamentos para o mundo. “Todos esses elementos criam uma massa crítica para uma boa conversa entre os dois presidentes. Essa será uma visita em um momento muito bom para esse diálogo”, ressaltou.

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2022, a corrente de comércio entre os dois países atingiu recorde de US$ 150,1 bilhões, com alta de 10,8% em relação ao ano anterior, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

As exportações somaram US$ 89,4 bilhões, dado 1,7% acima do registrado em 2021. Já as importações cresceram 27,5% na mesma base de comparação, somando US$ 60,7 bilhões. Há 30 anos, os dois países estabeleceram uma parceria estratégica, e, em 2012, essa parceria passou a ser estratégica global. No próximo ano, ambos vão comemorar 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas, lembrou Saboia.

Com informações do Correio Braziliense/adaptação

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